sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

O peixe

Naquela manhã, com cinco anos, ele teve uma dessas experiências que tornam amarga a vida pelos anos seguintes. No barco, ele viu o tio puxar com rispidez o peixe, tirá-lo do anzol e atirá-lo no grande balde. Enquanto o tio lançava novamente a linha ao mar e esperava com olhos atentos, ele observou o peixe debatendo-se. Se fosse corajoso, teria apanhado o peixe para jogá-lo de volta às ondas. Mas, com medo do peixe e do tio, só ficou acompanhando as convulsões dentro do balde, até a última. Anos afora essa impressão o perseguiu: a vida era aquele instante de prata luzindo ao sol e, depois, nada mais que espasmos inúteis e dolorosos, até o fim.

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