quinta-feira, 17 de janeiro de 2013
Os frutos
Ansiou pelos frutos e os antecipou em devaneios. Embrenhou-se nas claras nuvens dos sonhos e o mundo já não tinha nada que o atraísse. Imaginava como seriam os frutos, quando viessem. Em cada sonho eles lhe apareciam mais belos, diferentes de todos os que vira: em casa, no escritório, no metrô, na rua, eles eram acariciados pela brisa e coloridos cada vez mais esplendidamente pelo sol. Passavam os dias e, como cada um lhe trazia uma visão mais majestosa dos frutos, ele não parava de sonhar. Num fim de tarde, na praça diante do escritório, viu uma mulher com uma criança apontando uma árvore. "Que maravilha, olha lá. Eu nunca vi frutas tão bonitas." Ele se aproximou. Tinham se passado tantos anos e seus olhos estavam tão fracos que ele deslizou a mão enrugada por um fruto, por outro, e logo se afastou. Não eram aqueles.
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