sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Meu diário

Não sou eu esse insano que de uns tempos para cá desandou a falar de amor - exaltando-o e ao mesmo tempo execrando-o. Não sou eu, é uma criatura ficcional que deixei crescer em mim e que tantas liberdades acabou tomando comigo que às vezes fala por mim com mais convicção do que eu falaria. Se eu soube alguma coisa de amor, foi há tanto tempo que já nem sei quando. No entanto, essa voz diz, por mim, que ninguém merece respirar se não for movido pelo amor. É uma voz juvenil que, quando soa, faz com que todos olhem espantados, e até escandalizados, para mim. Sei que não é minha essa voz que canta o amor como se contasse com o apoio de todos os rouxinóis e violinos. Sim, sei que não pode ser minha essa voz, que apresenta a morte como o único atalho possível para um amor malogrado. Não é minha, mas como eu gostaria que fosse. E que fosse sempre essa voz a sair de minha garganta, assim como agora, com o ímpeto de uma cachoeira espumante e não como um filtro de barro enchendo lentamente uma velha moringa.

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