domingo, 16 de junho de 2013
Olhei-me no...
... espelho hoje e não entendi como pude julgar aquele rosto (este, meu) capaz de inspirar amor em alguém. Fiz uma regressão tipo photoshop e concluí que já há pelo menos dez anos ele seria inepto para isso. E, no entanto, faz uns cinco anos, já, que eu venho aqui, por um processo de crescente insanidade, falando de amor como se fosse um direito meu, daqueles sagrados e inalienáveis. O espelho me pôs de novo os pés no chão. Senti vergonha de mim, repulsa. Tentei livrar minha cara, como se diz, e fiz uma incursão pelo meu "lado espiritual". E também a alma me pareceu tão indigna, tão suja. Amanhã ou depois (quem sabe hoje, ainda) poderei estar atolado no mesmo erro. Mas a impressão que me ficou do rosto no espelho, e da análise - que tornei breve, para não me autoflagelar ainda mais -, foi impressionante. Deus, como pude ser, como posso ser tão presunçoso, tão idiota, tão ridículo? Amor? Com este rosto? Com esta alma? Preciso arranjar urgentemente um atestado de insanidade mental, para justificar certas condutas que tenho tomado nestes últimos anos. Quanto ao atestado de incapacidade física, qualquer foto 3x4 bastará.
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