domingo, 18 de agosto de 2013
Na fria manhã...
... os órfãos se achegam, se amontoam. O único calor que terão será o da promiscuidade. Gelaram as folhas de jornal sobre as quais se deitaram de madrugada. Dormiram sobre os seiscentos mortos do Egito e as maldições que no último alento lançaram. Houve um tempo em que esperaram poder contar com o afeto. Há muito, porém, a mulher que às vezes vinha trazer-lhes um pouco de pão não aparece. Eles olham para todos os lados. Se o carro dela surgisse agora, dispensariam o sol, tão indiferente ao gelo que lhes vai nas pernas, nos braços, no coração. Um ruído distante agora, quem sabe. Não é o carro encantado. É uma moto que passa e deixa no ar uma frase que termina com um ponto de exclamação: "Aí, putada!"
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