terça-feira, 15 de janeiro de 2013
Kama Sutra - XCIII
Sempre que começava a beijá-la, tentava não pensar em nada senão nisso: em beijá-la. Sonhara tanto tempo em abraçá-la pela cintura, e em deixar os lábios colados aos dela até perder o fôlego, que qualquer sequência nem lhe passava pela imaginação ou pela vontade. Contava até sessenta, setenta, e concentrava-se tanto em superar o recorde que os beijos eram só o que eram: gostosos. Hoje, porém, nota que a língua da garota se move sorrateira e ele já não consegue contar além de dez, embora os beijos lhe pareçam cada vez mais demorados. No quarto ou quinto, sente na saliva um gosto que não é o gosto da sua saliva, e um instante depois seus braços já sobem da cintura para o rosto da garota e o seguram. Ele receia que de repente possa escapar da sua boca a boca na qual ele acaba de descobrir algo que agora ele sabe ser mais do que beijar, perder o fôlego e contar até oitenta ou oitenta e cinco.
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