quinta-feira, 22 de agosto de 2013
Não, eu...
... não eduquei meus músculos na academia, não acertei meus passos em aulas de dança, não conheço a linguagem do facebook. Não leio esses garotos que estão reinventando o jornalismo e nem mesmo sei usar, ainda que mediocremente, o celular. Sou ultrapassado, feio, risível em minha feiura, babaca e complexado. Confesso que sei fazer sofrivelmente um soneto, até com rimas ricas, se for o caso, e talvez até seguindo as normas alexandrinas. Sou rancoroso, o que se reflete em minha pele ruim, e dado a lançar maldições. Sou asqueroso e tenho o defeito de me achar injustiçado, para usar um eufemismo. Sou na verdade paranoico e intoleravelmente choramingas. Vou vivendo assim, estou na minha. Se me oferecerem uma troca por dois de trinta e sete ou por um de sessenta e oito, topo na hora, digo que aceito, só para não me chamarem de falso. Topo a troca também por um de dezoito, ainda que seja burro como os dessa idade costumam ser, desde que ele tenha a qualidade, também própria dessa idade, de se fazer aceito na cama de mulheres, de preferência entre os vinte e cinco e os cinquenta e cinco. Como farei na hora? Podem deixar que dou um jeito, eu me viro, como se diz. É isso aí.
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