sábado, 8 de janeiro de 2011

O lago

Não há sol
nem retorno
neste caminho

Andas pelas sombras
porque as escolheste
e porque elas te acolheram

Elas não te cobram sorrisos
nem a amabilidade
que exigem os dias

No escuro
no silêncio cúmplice
das trevas
ninguém achará
estranho teu rosto
indelicada tua tristeza
nem te apontará
quando soltares enfim
aquele grito que a dor
vem ensaiando longamente
em tua garganta

É escuro
o caminho
mas as sombras
te encaminharão
para o lago
que nenhum homem
mulher
ou divindade
poderiam te indicar

No âmago
desse lago
de águas jamais tocadas
por vento ou sol
encontrarás a paz
que existe
em estar
no fundo
bem no fundo
para sempre alheio
aos anseios
de ser
e desejar

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