sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Dignidade

Quando estiveres para morrer, não estrebuches, não agonizes, não lances imprecações nem lamentos. Os poetas nos iludiram quando nos fizeram crer que devemos pontilhar nossos últimos momentos com exclamações. O mundo pouco se importa com as palavras dos vivos. Por que há de dar atenção ao que dizem os morituros? Morramos anonimamente, como morre uma formiga. Quando chega a sua hora, ela simplesmente se deixa afundar sob a folha que estiver carregando. É uma morte delicada, de um ser digno. Quem olhar verá só a folha. Se uma dessas brisas juvenis e curiosas vier, poderá até fazer falar a folha. Mas a formiga, jamais.

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