sábado, 22 de maio de 2010
Pequenas alegrias urbanas (137) -- E-mail
Sei hoje quanto você me mentiu, quantas vezes você me enganou, querido, quantas esperanças falsas você me despertou, quantos sorrisos você me proporcionou sem que eu, tola, percebesse que mais apropriado seria abrir a boca não para a alegria, mas para beber as lágrimas que, no final, foram tudo que me ficou depois de tanto amor. Você me mentiu, você me enganou, ah, meu querido, mas esteve tão empenhado nisso que não notou que eu também lhe mentia e o enganava. Quantas vezes lhe disse que o amava? Mil, duas mil, três mil talvez. E em todas essas vezes, saiba, meu querido, que não era verdade. Eu não o amava, eu jamais o amei. Eu o adorava, eu o venerava, eu o idolatrava, eu sentia por você algo que as palavras jamais poderiam exprimir, e hoje encaro isso como uma superioridade, como uma riqueza afetiva, como uma felicidade que você nunca me poderá tirar.
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