terça-feira, 15 de janeiro de 2013
Boa noite
Boa noite é, para mim, não uma expressão dessas que saem dos lábios espontaneamente. É um esforço enorme contra o pessimismo que me atormenta desde que me cortaram o cordão umbilical e emiti aquilo que os escritores (!!!) chamam de primeiro vagido. Toda vez que digo bom dia, boa tarde, boa noite, mesmo que faça isso com aparente pureza de coração, temo que as pessoas sintam falsidade em todas as vogais e todas as consoantes. Nenhuma dessas fórmulas de cortesia, se pronunciadas por mim, merecerá receber um ponto de exclamação - no máximo, reticências; mais certamente um ponto de interrogação. Quando me desejarem boa morte, que o façam com a convicção que a mim faltou para todas as coisas da vida.
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