Agora, minha vida morre agora,
Na tristeza da tarde que adormece,
Minha alma ascende ao céu, minha mãe chora,
Salpicam-me de flores, anoitece.
Um murmúrio monótono de prece,
Quatro velas queimando, e o vento, fora,
Suavemente nas árvores esquece
Sua dolente compaixão sonora.
Os versos meus, que em lágrimas se esfolham,
E de um celeste amor com voz aflita
Falam, todos os leem, e se entreolham.
A lua então, abrindo o claro peito,
Entra pela vidraça e deposita
Um punhado de lírios em meu leito.
(Soneto que, jovem, escrevi para flertar com a Morte, como fez Álvares de Azevedo. Como tantas coisas depois, a Morte me rejeitou.)
segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
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