sexta-feira, 30 de julho de 2010
Lírica (292) - Livre-arbítrio
Tinha resolvido deixar ao destino a solução de sua aflição amorosa. Mas, como o destino se mostrasse lento demais, ou ele aflito em demasia, perguntou-se para o que servia afinal o livre-arbítrio. Pegou então o telefone uma, duas, três vezes - e uma, duas, três vezes desistiu, porque receava embaraçar o que porventura o destino estivesse tramando. Na quarta vez, contudo, digitou o número e viu-se tomado de tamanha comoção e tão desprovido de palavras, até das mais elementares, que foi um alívio ouvir o sinal de linha ocupada. Colocou-se de novo nas mãos do destino, mas surpreendeu-se murmurando uma prece antiga, do seu tempo de menino, na qual imaginava não mais acreditar.
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