segunda-feira, 26 de julho de 2010
Lírica (265) - De uma carta
"Não haverá mais rancor. Talvez, pode ser, persista algum melindre, uma pequena mágoa, algum grito que o amor insatisfeito dará. Ou, quem sabe, nem esse grito, mas só um queixume que, no fundo, será apenas o reconhecimento de que o coração teve muito e, presunçoso, queria mais. O amor, esse déspota não esclarecido, sempre quer mais, porque lhe ensinaram que não querer é abdicar da vida. Haverá - pena que ainda pareça estar longe esse tempo - um dia em que a memória só se nutrirá dos melhores momentos e se mostrará num sorriso terno que compensará todas as amarguras e os dissabores, um sorriso tão doce que nele virão beber os sedentos passarinhos da tarde."
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