sexta-feira, 30 de julho de 2010
Lírica (297) - Você viu?
Certa manhã, provavelmente em dezembro, mas talvez em janeiro, fevereiro ou quem sabe abril, o homem estava no centro da cidade quando se desenhou no céu um arco-íris tão majestosamente formoso que os jornais e as tevês falaram dele por dois dias. Nunca se havia contemplado um igual. Um cronista escreveu um texto quase tão belo quanto o arco-íris e disse que ninguém que o tivese visto se esqueceria jamais dele. Mas o homem esteve ali, diante da maravilha das maravilhas, e não notou nada. Andava pela rua naquele dia com um arco-íris interior e, se tivesse visto o outro, que tanta admiração viria a causar, decerto proclamaria a excelência do seu, nascido de um amor que ele não seria tolo de comparar com nenhuma beleza real ou imaginária.
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