"A minha vida - como artista, ao menos - pode ser traçada com a precisão de um diagrama hospitalar: os altos e baixos, os ciclos bem definidos.
"Comecei a escrever com oito anos de idade - de uma hora para outra, sem me basear em nenhum exemplo. Nunca tinha conhecido ninguém que escrevesse, e tem mais, conhecia muito pouca gente que lesse. O importante, porém, é que as quatro únicas coisas que me interessavam eram: ler livros, ir ao cinema, dançar sapateado e desenhar. Então, um dia comecei a escrever, sem saber que estava me escravizando para o resto da vida a um senhor nobre, mas impiedoso. Quando Deus nos dá um dom, também dá um chicote - e esse chicote se destina exclusivamente à nossa autoflagelação."
(De Música para camaleões, tradução de Milton Persson, publicado pela Editora Nova Fronteira.)
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