terça-feira, 19 de fevereiro de 2013
No jornal (Praça Antônio Prado?) - 27- Amadeu Amaral
Há cerca de cem anos, Amadeu Amaral, secretário de redação, levou à revisão um grupo de visitantes. Um destes, referindo-se ao fato de já na época o Estadão ser reconhecido como uma das publicações que maior cuidado tinham com a língua portuguesa e com as normas gramaticais, fez um elogio: "Aqui então é que ficam os goleiros." Amadeu Amaral respondeu: "É, mas de vez em quando eles engolem cada frango..." Ele estava certo. Os revisores daquela época erravam, como os de hoje, e essa tradição certamente será mantida pelos revisores futuros. Isso quer dizer, por via de um silogismo tortuoso, que apesar das controvérsias os revisores sempre foram, e devem continuar sendo, seres humanos. Erram - e como! -, com a triste consequência de, por se considerarem (pelo menos alguns deles) infalíveis, seus erros assumirem maior proporção. Lembro-me de uma noite em que dois dos melhores revisores do jornal, Mário de Melo e Octávio Márcio de Camargo Guimarães, discutiam sobre determinado assunto. Irritado, Octávio desafiou: "Se você tem certeza, então vamos fazer uma aposta. Quer valer uma cerveja? Eu valo." A vaia e as gargalhadas foram grandes. Duas observações: este episódio protagonizado por Amadeu Amaral eu o ouvi e tanto pode ser desmentido na íntegra (o que seria uma pena, por seu sabor) quanto ser atribuído a outro personagem. No título, coloquei uma interrogação porque não sei se Amadeu Amaral, no seu tempo de Estadão, trabalhou lá ou se era outra a sede.
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