quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013
No jornal (Major Quedinho) - 33 - Joaquim Paschoa
Os revisores sempre tiveram um terrível complexo de inferioridade - talvez porque todas as barbaridades que saíam no jornal fossem justificadas perante os leitores com a expressão "erro de revisão". Assim, uma informação equivocada, uma foto trocada, uma falha de diagramação, tudo caía na vala comum de "erro de revisão". Joaquim Paschoa, revisor, um dia comunicou aos colegas que tinha comprado um carro. Detalhes: ele quase não sabia dirigir (o carro havia sido levado para sua casa por um vizinho) e, logicamente, não tinha carta. Para que, então, tinha comprado o carro? "Para levantar o moral da família", ele disse. Dali a algumas semanas, sentindo que ele estava aborrecido e preocupado, um de nós lhe perguntou o motivo. Ele explicou: havia tentado sair com o carro, para dar pelo menos uma volta, para que a bateria não arriasse, e tinha descoberto que ou o carro crescera ou o portão encolhera. Um dos brincalhões sempre de plantão observou: "É, às vezes acontece." A situação estava quase esquecida quando, uma tarde, Paschoa chegou sorridente: o carro tinha dado enfim uma volta pelo bairro. "Você conseguiu, então?" Ele respondeu: "Não, foi o vizinho, aquele que tinha posto o carro dentro." Estava tudo claro: o carro e o portão só obedeciam ao vizinho.
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