quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013
No jornal (Major Quedinho) - 30 Domício Pinheiro
Domício Pinheiro, um dos mais premiados fotógrafos de São Paulo, sempre teve fama de pé-frio. Fama injusta. Ele ganhava prêmios por ser exatamente o contrário: um pé-quentíssimo. Num célebre domingo, com o estádio do Santos, a Vila Belmiro, lotado para um jogo com o Corinthians, ele, sem clicar, estava girando a máquina, simulando tomadas. Num desses giros, a arquibancada, com torcedores acima do número normal, veio abaixo. E ele, clic!, foi o único a registrar o momento de terror e incredulidade. O esporte era a sua especialidade - suas fotos de Pelé são clássicas -, mas às vezes ele era deslocado para outros acontecimentos. Uma noite, no Palácio dos Bandeirantes, numa solenidade, ele estava novamente simulando tomadas quando um candelabro gigantesco desabou. E ele, clic. E assim ocorreu várias vezes: a notícia procurava Domício. Sua injustificada má fama tornou obrigatórias, entre os jornalistas antigos, sempre que era pronunciado o nome dele, três pancadinhas em madeira. Ele e Antônio Carvalho Mendes - redator de falecimentos - foram os únicos que tiveram essa honra de ver acrescentado ao nome o sugestivo Toc-Toc: Domício Toc-Toc e Toninho Toc-Toc (ou Boa Morte, ou Araçá).
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