quinta-feira, 1 de julho de 2010
Lírica (137) - O abraço
Num desses desvarios a que só o amor leva, ele, do nada, tirou a ideia de que a mulher amada estaria certa hora em determinado lugar. Era uma quarta-feira, e como, meses antes, ele a havia encontrado naquela hora e naquele mesmo lugar, teve a intuição de que, sentindo decerto a mesma ansiedade, ela chegaria no exato instante em que ele chegasse. Assim como previra e desejara, no momento indicado pelo seu pressentimento ele a viu atravessar a rua em sua direção, como meses antes. Abriu os braços para acolhê-la e permaneceu assim, abraçando aquele corpo amado que somente horas depois, ao cair da noite, ele, ainda renitente, reconheceu ser uma quimera.
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