quinta-feira, 1 de julho de 2010

Lírica (138) - Febre

Um minuto depois de dar e receber seu primeiro beijo de amor, desabou um temporal que ele deveria ter notado, porque imediatamente a garota se enfiou em um ônibus, enquanto ele, hipnotizado pelo acontecimento, percorreu a pé os três quarteirões até sua casa, onde passou o resto da tarde recordando o beijo. Quando chegaram, à noite, o pai e a mãe o viram ainda encharcado no sofá, com uma febre que só cedeu dois dias depois, no hospital, voltando a acometê-lo na tarde em que, de novo no ponto do ônibus, a garota abriu os lábios para que ele ali deixasse o seu segundo beijo de amor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário