quinta-feira, 1 de julho de 2010

Lírica (143) - Noturno

O sol vinha acordá-lo, como outrora, mas a espessa cortina deixava passar apenas uns filetes dourados, dos quais ele se escondia, tapando os olhos com as mãos. Continuava deitado, porque não acreditava mais nas flores nem nos frutos e lhe repugnava tudo que pudessem oferecer os caminhos. Levantava-se só quando a noite já se transformava em madrugada e, ansiando para que não houvesse estrelas nem lua, andava como andam aqueles que, dilacerados pelo amor, temem mostrar seu rosto de rejeitados.

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